sábado, 6 de agosto de 2005

Correndo atrás

Tinha que correr... Nossa, há quanto tempo não fazia isso. Mas era preciso. Um....... Dois....... Um..... Dois..... Um... Dois... Um. Dois. Suas pernas roliças redescobriam os músculos há muito adormecidos. Tinha que alcançar. Mas como, se a respiração já começava ficar ofegante? O fôlego já faltava. A vontade de abrir a boca para sorver mais ar era irreprimível. A roupa parecia uma armadura pesada. O vento, que não estava a seu favor, colocava mais peso ao fardo. Quanto tempo era preciso permanecer naquela situação? Os segundos já não eram mais frações de tempo. Eram horas completas. Dias. Um. Dois. Um. Dois. “Tenho que conseguir”. A necessidade era maior que o desejo de desistir. “Eu chego. Sei que chego”.Aquela sensação... Um misto de gostoso desafio e pesada provação. Vai ter que dar. O esquema é colocar na cabeça que chegará. Tudo vai dar certo no final. Será que haverá um fim? “Eu consigo?” Não tem jeito, a única maneira de acabar com aquilo era chegar no final. Se não... Não, não podia nem pensar. Aliás, pensar em outras coisas não era proveitoso no momento. Energia e concentração jogadas fora. Não era um luxo que poderia ter. Um. Dois. Um. Dois. Há quanto tempo já estava naquela situação? Ai, o coração. Apertado e quase saindo pela boca. “Ar. Pre... ci... so de ar”. As pernas, em um movimento meio anestesiado, continuavam com esforço. “Está quase. Será que dou conta?” A dor já era insuportável. Mas estava quase lá. Um. Dois. Um... Dois... Um..... Dois..... Um....... Dois....... Restava uma só coisa a dizer: “Não acredito!”.