terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

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sábado, 4 de fevereiro de 2006

Segredo de um bom filme

Quarta-feira fui sentir um pouquinho do que é ser imprensa, ao assistir antes da estréia o filme O Segredo de Brokeback Mountain (se bem que tinha tanta farofada que nem teve graça). Todos sabem que nunca fui piegas a ponto de chorar, achando que este ou aquele filme era o mais lindo do mundo. Filme para mim tem que tocar por contar uma boa história, seja ela qual for, independente de ter romance ou não. Cansado de ver filmes típicos de água com açúcar, bem ao estilo de Titanic, toda vez que leio nas sinopses a classificação “romance” sinto calafrios. Nem o fato de amenizarem meu preconceito (essa é, na verdade, a palavra) colocando a classificação “drama” é o suficiente. Só de ver a mocinha apoiada no ombro do herói, já fico impaciente com o deve vir pela frente. Não por menos que isso, é que a terminar de assistir a Brokeback Mountain estava bem admirado comigo mesmo: acabara de adorar um romance. Para quem ainda não conhece o enredo do filme, ele conta a história de duas décadas de um amor mal resolvido entre dois caubóis. Isso mesmo: dois – ambos do mesmo sexo de Adão. O habitual em uma situação destas é que as pessoas tenham estranheza (não raras vezes eu já tinha ficado enojado com cenas homossexuais na teve e no cinema), desenvolvendo um sentimento de repulsa. Para minha surpresa, além de não ficar chocado com o filme (acreditem, os menos acostumados têm razão para isso), torci pelo casal, que na trama não consegue assumir de vez sua condição, constituindo, inclusive, cada um, uma vida “oficial” com mulher e filhos. A ótima atuação, a sensível direção e o inteligente desfecho são alguns dos responsáveis pelo meu conceito ótimo para o filme. Tenho certeza que cabecinhas, digamos, mais fechadas chegarão à mesma reação de um casalzinho que se sentou próximo de mim: “esse filme não presta; é uma pouca vergonha”. Para estes, porém, deixo a reflexão: em cinema não importa o que você conta, mas como o faz. Disso podemos tirar uma bela conclusão – amor (não só o sexual) de verdade resiste a tudo: distâncias, diferenças (ou igualdades) e convenções. Que todos que amo lembrem disso. Brokeback Mountain, para mim, já ganhou o Oscar de Melhor Filme e é forte candidato ao melhor de 2006 da minha lista. Eu recomendo.