quarta-feira, 30 de julho de 2008

A fila e a barriga

Maldita fila - Foi assim que sai xingando hoje depois de notar que a sessão das 15h30 do Kung Fu Panda estava lotada. E pelas crianças barulhentas que também decidiram ir.

Mal educada - Foi o disse em voz alta para a v... que atendia no guinchê do estacionamento escutar. "Moça, olha, por favor, se está nos 20 minutos de tolerância." Com cara de sarcasmo, ela retrucou: "Você consegue sair em um minuto?".

Sem graça - Foi como fiquei e respondi em seguida: "Não." Ela tomou o ticket da minha e simplesmente disse: "R$2,50". Tomei com a mesma violência: "Então me dá aqui que antes vou gastar minhas três horas." Dei as costas.

Já tem um tempo - Que estou ainda mais tolerência zero com quem me atende mal.

* * *
Cansado como um peão - Assim estou agora. E olha que nem estou trabalhando tanto. A academia tem sugado muita energia.

A barriga, outra vez - Pode parecer implicância, mania de perseguição, mas hoje o meu instrutor da academia olhou para a minha barriga e disse: "tá grandinha". A felicidade por estar malhando há 10 dias foi embora. Agora eu sei como o Ronaldo (que era inho) se sente.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Em casa, entregue ao cinema

Ultimamente tenho gostado muito das animações no cinema. Acho que os melhores roteiristas estão fazendo um motim para trabalharem somente com elas. Brincadeiras à parte, isso gerou até uma pauta para o Plural Blog (leia a matéria clicando aqui).

Na casa dos meus pais, em Pires do Rio, aproveitei o home theater para assistir a três filmes neste domingo. Primeiro assisti a Cazuza - O Tempo Não Pára. Conheci muito da vida do cantor, mas achei o filme meia-boca. Depois perdi tempo com 1408. Um horror (horror mesmo, tá?, porque de terror foi fraco).

Por fim, Ratatouille. Lembro que quando estava em cartaz fiquei frustrado porque não consegui assistir ao filme que todos elogiavam. Confesso que até quase o final não estava achando grande coisa.

Mas nos cinco minutos finais me surpreendi, assim como quando assisti a Wall-E, em exibição no cinema. O texto do final é lindo. Quem não viu, recomendo. Fiz o que não fazia há tempos com cinema. Um psicanalista talvez explique, mas chorei.

sábado, 26 de julho de 2008

How many roads

Hoje, Erika e eu pegamos a estrada. Para latitudes diferentes. Ela a norte de Goiânia e eu a sul.

É engraçado como corpos que vivem juntos, quase sempre, de repente se separem tão bruscamente. Às vezes me incomoda o quanto é corriqueiro.

Acontece não somente conosco, mas com objetos. Não é engraçado que a roupa que você tanto gostava e usava vá parar em um lixão a milhas, de uma hora para outra? Ou aquele seu amigo íntimo vá viver do outro lado do globo, amanhã?

Como dizem, o rio nunca pára e quando você entrar nele novamente, ele não será mais o mesmo. Conosco e nossas coisas também é assim, quando o caminho percorrido se refere ao tempo. O meu eu de agora não é o mesmo de quando comecei a escrever este texto.

Quando Erika voltar de São Jorge e eu, de Pires do Rio, ambos seremos outros, mesmo que imperceptivelmente, em uma escala micro. Agora imagine com aqueles que ficamos décadas sem ver? Me assusta.

Há uma beleza nisso. Mas também angústia.
. . . . .

Ao som de Tears and Rain, James Blunt.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Goianidade

Fazendo uma pesquisa no Centro de Documentação do jornal para escrever uma matéria sobre o historiador goiano Paulo Bertran, morto em 2005, encontrei uma crônica saborosa publicada à época de sua morte. Não costumo fazer isso com freqüência, mas peço licença para minha colega Conceição Freitas, até então no Correio Braziliense, para publicá-la. Acredito que textos preciosos devem ter todas possibilidades de publicação. É um dos textos mais lindos sobre goianidade que li (e eles são raros). Saboreie também:

Goiás, Goiás

Conceição Freitas

Chega-se ao pouquinhos em Goiás Velho. Os preparativos para a chegada começam no Jerivá, a hoje rede de acepipes goianos, parada mais que obrigatória para quem toma o rumo das coisas goianas. Pamonha de doce, de sal, de queijo, de lingüiça, curau, marmelada de Santa Luzia, empadão goiano, carne de porco, guariroba, jurubeba, goianidade suprema.

O sotaque que engole a última vogal ("rio Vermei"), que engorda o R e que tem doce melodia sertaneja e que pode ser ouvido a menos de 50 km, a babel brasileira. Paulo Bertran dizia, no seu mais forte entusiasmo, que a capital do país fabricará o brasileiro mais perfeito, fruto da combinação cultural e étnica de todas as regiões.

Depois de Anápolis, Goiás fica bem mais goiano. O Zé do Pedro ainda deixou uma faixa da última campanha política. O Bar do Junin tem mesas amarelas, pinga com jurubeba, ovo cozido e cerveja gelada. A Creonice vende não se sabe o quê, mas o nome dela está embandeirado numa fachada de um estabelecimento comercial. Vende-se "porvilho", assim mesmo, tal qual se pronuncia. O Café Boca de Pito deixa uma dor fina de saudade de um país tão mais ingênuo e tão mais esperançoso.

Inhumas, Itauçu, a cada quilômetro em direção à Serra Dourada, Goiás vai se encharcando de goianidade. Muitos cachos de banana pendurados à entrada dos armazéns, magotes de guariroba, casas de no mínimo 50 anos, de telha francesa, pé direito baixo e varanda. Goianos envelhecem, porque não haveria de ser diferente, mas não engordam. Talvez porque acordem cedo, façam o pito do café para o pito do cigarro de palha, ponham o chapéu na cabeça e saiam trilheiro afora, seguindo os passos de ontem, de anteontem, de tresantontem, de uma ancestralidade intacta.

A cidade de Goiás se anuncia nas meninas morenas, montadas em vespas, numa elegância de página de revista feminina. Goiás nem precisa dizer aqui estou eu porque a Serra Dourada expande o coração da gente. Goiás está cada vez mais preciosa ou será a goianidade aflorada nos últimos dias com os
2 Filhos de Francisco e agora tristemente aguçada com a morte do amigo Bertran.

O homem que põe a almofada na janela e se apóia para ver a passagem dos visitantes, ou outros de chapéu de palha sentado no batente, o bêbado que passa a manhã inteira puxando prosa com quem quer que seja, o velho mercado do arroz com pequi, o macarrão ensaboado de molho vermelho, o frango bem cozido com açafrão, os paralelepípedos, os telhados, as igrejas, dá uma vontade de ter nascido aqui, de nunca ter saido daqui, e de dizer que eu sou goiana. E nem sou, mas amo Goiás assim mesmo.

Publicado na Seção Crônica da Cidade, Correio Braziliense, em 04/10/2005

domingo, 20 de julho de 2008

Rapidinhas - O jogo do Goiás e a morte da Dercy

Futebol - Serra Dourada, Goiás e Palmeiras, 3x2. Bom demais. Hoje faria um post especial sobre minha ida ao Estádio Serra Dourada, depois de muito desejar. Mas são muitos os assuntos que merecem o post e vou de rapidinhas. Fica a conclusão: na companhia do meu amigo Eduardo Sartorato, hoje, refiz as pazes com o futebol.

Cueca - Ana Carolina Guimarães me disse que a foto da cueca logo abaixo ficou muito gay. Saiba que se você pensou isso também, não me abalei. Sou a favor da liberdade sexual e também da de expressão.

Folga - Essa semana ganhei muitas folgas no trabalho. Resquício do intenso ritmo pós-férias.

Morte - Dercy morreu e está bombando na internet. Se este post ainda está recente, você poderá ver na barra de navegação lateral que todos os blogs estão falando dela. Como dizia um excelente repórter conhecido meu, e também já morto, ela fez muita hora extra ou estava devendo para o céu. O melhor de todos os posts em blogs foi o da Helen, no Top 5 ao lado. Objetivo e certeiro.

Aliás - Para facilitar, aqui vai o link da celebridade virtual da vez: Matheus, que acertou a data da morte da velha comediante na comunidade sobre Dercy (clique aqui para ver a prova). Seu perfil não pára de receber comentários (clique aqui para ver o perfil). Agora são 19:56 e ele já tem 3767 recados. Até ganhou uma comunidade, "Matheus, o Profeta". Há quem esteja perguntando se vai ficar rico, se o Faustão vai morrer logo ou quando será a vez do árbitro Alício Pena Junior, que apitou Goiás e Palmeiras, hoje. Hilário.

sábado, 19 de julho de 2008

Errata

Diferente do que publiquei na segunda-feira, dia 14, a música da Madonna Superpop não faz parte do CD Hard Candy, seu último. Ela foi gravada no projeto do disco American Life, de 2003, mas não foi adicionada nas faixas e vazou pela internet. Não faz parte de nenhum disco, ainda. De qualquer maneira o presidente a que se refere na música, ainda assim, é o atual. O texto publicado originalmente na segunda já foi modificado.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A culpa é da cueca

Assustei. Hoje dei conta que o tamanho médio não me pertence mais. Há um tempo desconfiava. Dias atrás já havia descoberto que o número 40 também não faz mais parte do meu cotidiano. Algumas calças 42 também reclamam um pouco da minha cintura.

Definitivamente tenho de voltar para a academia. No começo do ano ensaiei, mas não fui em frente. Entrei de férias e adiei para a volta ao trabalho. Nada. Há sempre a desculpa do tempo. E olha que malhei dois anos seguidos. Quando programas como o Globo Repórter ressaltam que estamos sedentários, mais culpado fico.

Descobri este ano que os 24 anos ficarão marcados para sempre na minha vida. Foi quando percebi que o metabolismo de adolescente se foi. Agora ganho peso facilmente. Virei o que chamam de falso magro. Várias pessoas vieram me elogiar, dizendo que estava mais bonito. Foi só porque, por fim, ganhei massa corpórea. Da ruim.

Primeiro fiquei triste porque me dei conta de que todos me achavam esquálido. Depois cai na real que estou em uma fase de transição, se não me cuidar. Imagino que na mesma toada os elogios começarão a minguar, para dar espaço a outro tipo de comentário. Aliás, dia desses uma colega de trabalho disse, em tom de brincadeirinha com pitada de maldade: "Rodrigo, barriguinha não".

Nas férias, na farmácia com o meu pai, descobri que estou pesando dois quilos mais que ele. Sou 32 anos mais novo e só cinco centímetros mais alto. 77 quilos cravados. E toda essa "ficha caída" é culpa de uma peça de roupa. Há mais ou menos duas semanas comprei, todo empolgado, uma daquelas cuecas boxer. Vesti pela primeira vez hoje. Quando me olhei no espelho, como nunca antes aconteceu, olhei e soltei aquela frase típica de adolescente. "Que balofo. Está ridículo!".

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ao telefone

Há um certo tipo de gente que dá preguiça só de escutar a voz.

- Fulana, está?
- Não. Já foi embora.
- Ah, é que me disseram para falar com ela para resolver tal coisa.
- Infelizmente, só amanhã, senhora.
- Ah! Mas já tentei falar até no celular dela.

Deu vontade de reponder: "E o que eu posso fazer, então, chata".

- Então, a senhora vai ter de ligar amanhã.
- Mas aí não vai ser tarde pra ela me ajudar. Se não ajudar, estou perdida.
- Se a senhora quiser posso passar para a chefia.
- Quem é?
- É Sicrana.
- Mas me disseram para falar com a Fulana.
- Repito, ela não está.
- Sicrana pode ajudar, porque Fulana é sua subordinada.
- Mas não é a Fulana que cuida dessa área.

Em pensamento: "Ai, energúmena, já não disse que Sicrana manda em Fulana."

- Fale com a Sicrana, ela vai te ajudar.
- Quem é a Sicrana.
- É chefe da Fulana, como disse.
- Você acha melhor que eu fale com ela?

"Santo Deus, isso é que dá ser tão educado..."

- Sim, senhora, acho.
- E ela faz o que aí?
- Recebe os recados da Fulana, quando ela não está.
- Será que ela pode ajudar.
- Claro, se manda nela...
- Tem certeza?

"Pai nosso, que estai nos céus..."

- Já não disse isso, senhora.
- Sabe o que é?
- Ahn?
- Eu não posso ficar sem essa ajuda. Dependo muito disso.

"E eu com isso?"

- Sei, já compreendi.
- Se você diz que ela pode ajudar...
- Pode sim (já impaciente).
- Então me passa.

Não esperei nem o obrigado. Transferi a ligação. O telefone, lá longe, tocou mais umas quinze vezes. Acho que Sicrana tinha escutado tudo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Madonna faz rir

Superpop não é nem de longe a melhor música de Madonna, menos ainda, claro, de sua carreira. Aliás, é de uma pobreza de produção e uma melodia abusadamente medíocre. Mas a letra tem um quê de provocação, super auto-estima e graça que não deixa de ter seu traço charmoso. A seguir os melhores trechos da letra:

Superpop
Madonna

If I was an animal, I’d be a lion
If I was a car, I’d be an Aston Martin
If I was a genius, I’d be Isaac Newton
If I was a hero, I’d be Martin Luther

If I was an actor, I’d be Marlon Brando
If I was a painter, I’d be Frida Kahlo
If I was a drink, I’d be a Lemon Drop
If I was a song, I would be Superpop

If I was a star, I would be who I am today
If I was a fighter, I’d be Cassius Clay
If I was emotion, I would be intense
If I was a man, I would be president
I’ll be different, If I’m the president


If I was an animal, I’d be a dog
If I was a dog, I would be a man
If I was a man, I’d be the president
If I was the president, I’d be different

If you want to reach the top
If you do, you’ll never stop
You have started and never stop

(Se eu fosse um animal, seria um leão
Se eu fosse um carro, seria um Aston Martin
Se eu fosse um gênio, seria Isaac Newton
Se eu fosse um herói, seria Martin Luther

Se eu fosse um ator, seria Marlon Brando
Se eu fosse uma pintora, seria Frida Kahlo
Se eu fosse um drink, seria um Lemon Drop
Se eu fosse uma canção, seria Superpop

Se eu fosse uma estrela, seria quem sou hoje
Se eu fosse um lutador, seria Cassius Clay
Se eu fosse emoção, seria intensa
Se eu fosse um homem, seria presidente
Serei diferente, se eu for presidente

Se eu fosse um animal, seria um cachorro
Se eu fosse um cachorro, seria um homem
Se eu fosse um homem, seria o presidente
Se eu fosse o presidente, seria diferente

Se você quer chegar ao topo
Se você conseguir, você nunca vai parar
Você começaria e nunca iria parar)

domingo, 13 de julho de 2008

Fim

Minhas pernas doem, meu cabelo está sujo, minhas unhas pretas, minha roupa estragada, meu estômago com fome, minha barriga inchada, minha garganta doendo, meus pés coçam e minha cabeça só pensa em cama. Estou com cara vermelha e tenho poeira e areia até na alma. Mas acabou. Goiânia, aqui vou eu. Ufa!

sábado, 12 de julho de 2008

Água e Pedra

Andando mata adentro em Barra do Garças (MT), hoje, conheci algumas pequenas quedas d'água. Já era quase hora do pôr-do-sol e parei por um instante para descansar. Em uma das quedas, sentei-me e começei a observar a constância insistente com que a água batia na pedra. Quem conhece o ditado sabe que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Acho que fiquei uns cinco minutos absorto e obcecado por aquela imagem. Pensei o quanto, às vezes, erramos por não sermos constantes e insistentes em certas coisas. Neste mundo só vencemos quando nos esforçamos.

Pequeno adendo - Descobri que a intersecção do Araguaia com o Rio Garças, além de unir as siamesas Barra do Garças (MT) e Aragarças (GO), ainda tem uma irmã menor, Pontal do Araguaia (MT), que fica ao sul do "Y" invertido formado pelo encontro dos dois rios. São três cidades conurbadas, portanto.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

No Araguaia, lado B

Este ano fui escalado para cobrir um local novo na temporada do Araguaia. Ao invés da tradicional Aruanã, vim para Aragarças e Barra do Garças (na verdade estou hospedado nesta última). As duas cidades são muito interessantes, já que são siamesas.

Que vê as duas de cima, do alto do Cristo Redentor (sim, também há um aqui) que fica do lado da Barra, pensa que na verdade trata-se de uma só cidade cortada pelo rio. Há, porém, uma clara maior movimentação social e econômica em Barra do Garças, que fica do lado mato-grossense. Enquanto Aragarças fica no lado goiano e ainda luta para perder a pecha de cidade dormitório. Barra leva o nome do rio que se encontra com o Araguaia, bem entre a duas cidades, o Rio Garças.

Já Aragarças, descobri eu, tem o nome de uma mistura entre Araguaia e Garças. Não dá para negar que são criativos. A novidade na minha participação na cobertura deste ano foi empolgante justamente porque estou conhecendo um local sobre o qual tinha uma parca noção, formada vagamente por pílulas de informação. É isso que me atrai na profissão de jornalista.

Hoje o trabalho foi duro e estou moído. No hotel, acabei de enviar a primeira das três matérias que iria enviar ao longo deste fim-de-semana. É gratificante abrir o jornal no outro dia e ver que o trabalho ficou legal. Espero que neste ano fique bem bacana, como tem sido nos últimos anos.

No mais vou ficando por aqui porque ainda tenho que acompanhar o movimento da noite e preciso descansar um pouco. Uma dura jornada de mais dois dias de trabalho me espera. Até.

sábado, 5 de julho de 2008

O violão e os ciúmes

Olhares fortuitos ou diretos? Já suportei facilmente. Cantadinhas imbecis? Sai triunfante. Talvez porque a autoconfiança e a confiança que ela me dá sejam suficientes para surportar tudo isso. Mas não é que descobri que tenho ciúmes do violão? Quando ela está com ele fica totalmente entregue. O acaricia, canta melodias baixinhas, é melindrosa para que não fique de mal humor. É, naquele momento, exclusivamente dele. E eu, que me achava cabeça aberta, não-ciumento, percebi que um objeto a rouba de mim e que também sou ciumento.