sábado, 13 de fevereiro de 2010

Descobri que tenho ídolos – ou quase

Há algum tempo eu estava me questionado sobre qual ou quais eram meus ídolos. Acabei concluindo que nunca tive ídolos. Discutindo isso com minha amada namorada, cheguei a conclusão, brincando, de que talvez eu não tenha ídolos por fazer parte de grupo de pessoas desiludidas com as outras.

Na hora da brincadeira, me recusei a aceitar o rótulo a que eu mesmo me atribui, mas depois, pensando bem, cheguei à conclusão de que é isso mesmo. Havia chegado a tal ponto de desilusão que talvez já não conseguia mirar em outro ser humano a ponto de venerá-lo e, no fundo, querer ser como ele.

Persistindo em minha autoanálise, percebi que nunca havia tido ídolos nem na infância. Quando criança, se me perguntassem quem admirava, talvez me saísse com um nome como Xuxa ou o palhaço Bozo, mas nem mesmo assim afirmava com todas as letras: "são meus ídolos".

Por isso, sempre tive certa inveja do garoto que um dia se inspirou em Romário, ou da colega de turma que se derretia pelo Leonardo DiCaprio ou Sharon Stone, ou por um parente que adorava Zezé Di Carmago e suas letras, ou pelo rapaz magrelo que se esguelava no show da Madonna.

Pois não é que havendo uma reviravolta, como me dei conta recentemente? Tenho sentindo simpatia (seria o começo de uma "idolatria"?) por duas pessoas públicas (me refiro a este tipo conceitual de ídolo, porque todos podemos ter ídolos particulares, como pais ou professores, mas eles não entram na definição popular de ídolo).

A primeira é alguém que nunca imaginei: uma cantora pop negra americana, nascida em um estado provinciano, os Texas (qualquer semelhança com Goiás não é coincidência), que conquistou o mundo e me faz querer, por que não?, cantar no chuveiro. É raro um tipo intelectualóide declarar isso: mas falo de Beyoncé Knowles.

E não porque está em evidência, foi eleita personalidade da década ou por sua qualidade artística (pop demais para ser considerada cult) e suas formas maravilhosas. Mas a admiro, talvez – nisto nunca podemos ser precisos –, pela história de persistência e perfeccionismo. Empatia, enfim.

A segunda pessoa está, esta sim, se tornando um ídolo de primeira grandeza. Talvez o ídolo da minha vida – indício de um valor herdado da gente letrada com que convivo. Sem demagogia. A cada nova entrevista sua que leio, a cada nova leitura que faço de sua obra, me sinto mais próximo.

E neste sentido o tenho não como um ídolo inalcançável, daquele que você põe em um pedestal e se ajoelha sob sua foto. Mas daquele que um dia você que ser igual: Gay Talese, um gentleman cujo ofício é ser jornalista.

2 comentários:

Erika disse...

Gostei dos seus ídolos. A Beyoncé tb me surpreende, tenho gostado muito das músicas dela. E o Gay Talese é "o" cara. Acho que no meu caso a pessoa pública que mais admiro nesse momento é a Carla Bruni. Pela voz suave, por ser poliglota e politizada, por ser linda e moderna. Não sei se é meu ídolo, mas com certeza é uma pessoa inspiradora. Beijinhos

Valbene Bezerra disse...

As decepções tem sido tantas q. há muito deixei de ter ídolos. Mas, há algumas pessoas q. admiro pelo talento, irreverência e a criatividade. Mas, acho bacana vc. cultuá-los. Bjs